junho 13, 2016

Fragmentos de Vidas #15


Hugo Bonemer, vinte e oito anos, simpático, humilde, divertido, talentoso, determinado, carismático, trabalhador, modesto, empenhado, ator, cantor, protagonista do "Rock in Rio - O Musical", ...
Pela primeira vez o Fragmentos de Vidas atravessou um oceano rumo ao Brasil. Poderão ler agora esta entrevista muito bem disposta e cheia de energia positiva.


Como se está a sentir agora, antes de responder às perguntas?
Aflito com o trânsito do Rio de Janeiro.

O que aconselha aos turistas que visitam o Brasil?
Esteja aberto e interessado na vida e cultura dos brasileiros, e eles vão te receber como um rei. E use creme repelente a mosquitos a partir das quatro da tarde.

Diga cinco locais que toda a gente devia conhecer do Brasil.
Chapada dos Veadeiros, Vale do Caí, Morro do Alemão, Cataratas do Iguaçu e Vila Velha.

Entusiasmado com os Jogos Olímpicos no Rio? 
Sim. Porquê? É como receber visita em casa: Se não nos organizamos nos dia-a-dia, corremos para melhorar as coisas antes que a visita chegue. Só não pode esconder a roupa suja atrás do sofá.

Como e onde se vê daqui a dez anos?
Em Portugal, tomando Dona Ermelinda.


Se definisse a sua vida numa palavra, qual seria?
Se fizesse isso estaria sendo leviano com a complexidade linda com a qual a vida se apresenta a mim.

Pela sua viagem por Portugal o que mais gostou de ver?
Estou ainda me perguntando se o mato cresce em Portugal cheio de flores como as da floresta da Branca de Neve ou de facto alguém semeia elas pelo país todo.

Qual a comida que mais gostou? 
Só provei vinte das mil e uma receitas de bacalhau, então não estou apto para decidir um favorito. E o doce? Ainda sinto o pastel de nata, aquecido, queimar o céu da boca, me trazendo boas lembranças.

Ouviu alguma expressão portuguesa enquanto esteve cá?
Magoar, no sentido de machucar fisicamente me chamou atenção. Uma pessoa esbarrou em mim e me perguntou se havia me magoado. Eu sorri , confuso, pensando que havia encontrado uma pessoa tão absolutamente sensível, capaz de pensar que um esbarrão havia ferido meus sentimentos. Não, magoar, em Portugal, não se trata só de sentimentos, mas de físico também.

O que achou do clima de Portugal?
Adorei viver a transição de um clima mais frio para ensolarado.


O que é mais importante numa noite de tempestade?
Netflix.

O que acha dos preconceitos no mundo atualmente?
O mais legal é fazer um detox deles. Deixar um alerta na retina pra quando nos vemos endossando uma cultura desnecessária pra nossa felicidade e a dos outros.

Como foi pisar o Palco Mundo do Rock in Rio Lisboa?
Pisar no Palco Mundo é a experiência mais maravilhosa na vida de um artista.

O que sentiu quando ouviu o público português a cantar as músicas do Musical?
A princípio o público parece uma grande pitura. Setenta mil cores numa tela. Pra um artista que só tinha visto duas mil pessoas, num teatro de plateia escura, aquilo não parecia de verdade. Quando começamos a cantar essas cores se revelam cabeças, e eu me lembro de assimilar "eles são seres vivos". No primeiro dia ainda fazíamos as falas entre os atores, como no teatro. No último entendemos que a linguagem pedia interação com aquele grupo de gente viva o tempo todo. É uma delícia.

Qual foi o dia do festival que mais gostou? 
Gostei muito do dia do Maroon Five com Ivete. Porquê? Porque foi o dia de plateia mais disponível pra um show musical que tinha tanto POP como o nosso.


Como foi trabalhar com o Isaac Alfaite?
Isaac é um ótimo colega e um sujeito muito fixe. Canta muito bonito e joga muito bem em cena. Espero vê-lo em outros trabalhos.

Cantar ou representar, de qual gosta mais?
Gosto mais de fazer tudo ao mesmo tempo, por isso faço musicais.

Tem algum projeto para breve?
Neste ano faço "A Lei do Amor", próxima novela das 21h dos Estúdios Globo, que vem após "Velho Chico". E dublo uma animação da Dreamworks chamada Trolls, no papel de Branch (originalmente feito por Justin Timberlake). Em novembro estreia um longa Metragem contando a vida de Erasmo Carlos, cantor e compositor brasileiro, e ali faço uma participação musical como o cantor americano Bob Darin.

Gostava de experimentar fazer algum trabalho em Portugal?
Estou no Brasil já procurando as promoções da TAP para voltar o quanto antes. Adoraria.

Gostava de lançar um CD?
Não penso nisso, nesse momento. Acho que funciono ao cantar atrás de personagens variados.


O que gostava de fazer e ainda não fez?
Gostaria de aprender a produzir.

Considera-se um homem romântico?
Não sou romântico. Me vejo um velhinho solteiro naquelas excursões de velhinhos que viajam juntos, jogam cartas e bebem vinho. Enquanto isso me vejo tendo excelentes relacionamentos, intensos e verdadeiros, que durem o tempo que for bom para os envolvidos.

Acredita em amor à primeira vista ou só existe na representação?
Amor, pra mim, é sinónimo de aceitação. Em geral, à primeira vista, sentimos outras coisas que chamamos de amor, mas não acho que sejam. Sentimos tesão, desejo, afeto, paixão. Cada coisa tem seu nome. Também sentimos controle que, gosto de pensar, também é um sentimento. Pra mim o controle é o oposto do amor, e não o ódio como se diz por aí. Ódio, pra mim, tem mais a ver com tesão. Por isso a criança que começa a descobrir o tesão logo arruma inimigos. Tem gente que escraviza, mata e faz Bullying. A minha dificuldade é lutar contra esse controle, e aceitar os outros como são, e quando consigo, isso é amor! E aí se ele for à primeira vista, ou à última ... Pouco importa.

Ser livre é ter tudo o que queremos? 
Ser livre e ter liberdade são coisas distintas. Ser livre é amar-se. (ou aceitar-se, como gosto de pensar. Sinónimos.) Ter liberdade é não deixar, pelos meios que lhe forem possíveis, sejam eles legais ou físicos, que te convençam a não se amar. Considera-se livre? Ninguém é livre ou tem liberdade o tempo todo. A luta é interna e externa a cada segundo da vida.

Para si o que é a felicidade?
Um coelho que escapa toda vez que é capturado. A felicidade, me parece, não gosta que a percebamos. Ela vira vaidade, e outras bobagens ... Mas ela existe em tantos momentos. Espero, um dia, que ela seja menos tímida do que me parece ainda.


Qual a sua música favorita? 
"Dream On" do Aerosmith. Porquê? Pela letra e pelo momento que vivia.

Do que tem medo? 
De muitas coisas. De que não se conectem com as respostas dessa entrevista por exemplo. Que me achem pedante ou "cagador de regra".

Como imagina o mundo no futuro? 
Feliz.

Como se está a sentir agora no fim da entrevista?
Feliz, pois acabei de receber a boa notícia de uma amiga que passou na prova de mestrado que tanto queria. 

O que quer o seu coração?
Batimentos. Muitos.

Nota: Todas as fotografias foram cedidas pelo Hugo através do seu instagram.

Só me resta agradecer novamente ao Hugo Bonemer pelo tempo que cedeu para a entrevista. Valeu.

Chega assim ao fim esta entrevista onde ficámos a conhecer fragmentos desta vida. 
O que acharam?

8 comentários: