abril 13, 2016

Fragmentos de Vidas #Best Of

Existem respostas que marcaram esta temporada do Fragmentos de Vidas, que nos fizeram pensar e refletir sobre a forma de ser, estar, agir e pensar na vida.
Cada um é especial, todos temos caraterísticas que nos distinguem, que nos fazem ser únicos mas apesar de tudo somos humanos e todos queremos ser felizes.
Ao selecionares a fotografia do convidado és direcionado para a entrevista completa. Lê agora algumas respostas de cada entrevista ... 


Conheces pessoas que já partiram! Como foi a tua reação? 
"Ok, depende muito, por exemplo, eu tive um amigo que morreu depois de nós termos estado a falar ao telemóvel e de termos discutido por estupidez, às vezes as pessoas discutem por estupidez, e eu desliguei-lhe o telemóvel na cara, ele tentou voltar a ligar-me mas eu não atendi. (nostálgica) A chamada seguinte foi da irmã dele a dizer que ele tinha morrido enquanto vinha ter comigo para esclarecer as coisas. (emocionada) Fiquei em choque, não consegui falar e acho que em parte a culpa foi minha. (silêncio) Depois também tive dois amigos que morreram com cancro, mas estas foram mortes diferentes porque quando nós temos uma pessoa que sabemos que vai morrer, começamos a preparar-nos, depois achamos que vai ser tudo mais fácil de ultrapassar porque já estamos preparados, já sabemos que elas vão morrer. E eu vi a doença a "come-la" todos os dias e quando ela morreu eu não estava preparada. (inspira) Enganei-me a mim própria, mas acho que foi mais fácil do que se eu tivesse mantido a esperança de que ela ia sobreviver. E também ouve outra morte de um grande amigo que me abalou bastante, ele tinha de cortar o cabelo e eu fui com ele, como ele não estava a ser capaz, eu cortei o cabelo com ele e muito pouco tempo depois ele morreu e isso afetou-me bué. (silêncio e lágrimas ao canto do olho)."

O que achas do racismo? 
"Acho que é falta de cultura, é ignorância! As pessoas são humanas independente da cor que tenham, da religião que tenham, somos todos humanos, somos todos iguais, todos erramos, todos falhamos, todos nos ajudamos. Ser racista é descer ao nível mais baixo que a humanidade pode ter. Por exemplo, andar a punir pessoas só porque têm uma religião diferente da que eu pratico não faz sentido, por algum motivo existe a liberdade."

Como te estás a sentir agora no fim da entrevista?
"(Silêncio prolongado) Agora estou perdida! As perguntas fizeram-me pensar em coisas que eu já não pensava ou achava que já não me diziam nada ou que eu pensava que já estavam esquecidas. Estou tipo desconfortável, não é com a entrevista mas sim com a minha vida."


O que é que tu achas sobre a violência doméstica?
"(Silêncio) Eu acho que quem pratica esse acto não é considerado para mim um ser humano, porque mostra zero por cento de caráter e mostra que se aproveita da fragilidade dos outros para se conseguir sentir poderoso e isso não é uma coisa que se faça, nós somos seres humanos, temos um cérebro e supostamente somos a coisa mais brilhante que há no universo inteiro, devíamos fazer coisas boas. O que devia acontecer a quem pratica estes atos? Eu acho que essas pessoas deviam ... (emocionada) Eu nem sei o que é que eu acho, porque não valia a pena estar a fazer a mesma coisa porque só iríamos estar a descer ao mesmo nível do agressor, mas acho que de alguma forma deviam ser punidos pelo que fizeram e se não conseguissem mudar essa parte deviam ficar fechados sozinhos. (lágrimasPorque é que as vítimas normalmente não fazem nada? Porque ou não têm ninguém que lhes abram os olhos a tempo ou não têm uma maneira de fugir da pessoa, porque a maior parte das vezes, por muita vontade que as pessoas tenham para sair não têm condições financeiras, estabilidade ou então têm medo. Numa relação destas ainda existe amor? Por parte da vítima acredito que exista, mas da outra parte não me parece."

Qual é o sentido da vida?
"O sentido da vida para mim é nós chegarmos a um certo ponto e descobrirmos o que somos, seguirmos os nossos sonhos mesmo que eles pareçam impossíveis e tentarmos ser felizes, seja como for, cada um é feliz à sua maneira. O objetivo da vida é viver e não sobreviver."

O que mais te arrependes na vida?
"Eu tenho uma regra que é "Eu não me arrependo de nada!", mas existe uma ou duas coisas que eu me arrependo. Uma delas é a de tentar ser sempre a filha perfeita para um progenitor que não vale a pena."


Já beijaste o teu melhor amigo?
"J.. Não! Atualmente essa pessoa já não é o meu melhor amigo. (silêncioMas houve um melhor amigo? Sim houve e sim tivemos uma coisa. (risos)."

Preferes que notem a tua presença ou que sintam a tua ausência?
"Epá ... Que notem a minha presença, sem dúvida nenhuma. Todos viemos ao mundo para marcar uma diferença. E tu estás a marcar a diferença? Eu acho que sim, em algumas vidas acho que sim."

Costumas mentir? Mentes bem? Qual a mentira que contas com maior frequência?
Sim! (risos) Acho que sim. (risos). Provavelmente é à minha mãe. "Filha onde é que foste hoje?", "Nada, não fiz nada de especial. Está tudo bem.", mas não na verdade vou passear só para ela não me chatear a cabeça e dizer que devia ter ido estudar para casa.


Qual a coisa mais importante que aprendeste na vida?
"A preservar os bons amigos, mas também a não dar tudo o que tenho porque às vezes dão-nos facadas nas costas, quando menos esperamos. Já recebeste muitas facadas nas costas? Algumas."

O que nunca perdoarias? Porquê?
"A traição! Porquê? (admirada)  Porque se uma pessoa vai trair alguém é porque não tem o mínimo interesse por ela ou a mínima consideração pela pessoa que tem, seja amigo, namorado, seja o que for. E eu acho que nunca perdoaria isso."

Qual é o teu lema de vida?
"Preserva os bons amigos que tens, porque não sabes o dia de amanhã."


O que achas sobre o nudismo?
"Acho bem! Acho que as pessoas têm de se sentir confortáveis com o corpo delas e acho que não devemos ter vergonha, é assim que nós somos, seja gordo, magro, loiro, moreno, ruivo, careca, não sei ... Seja homem ou mulher, acho que as pessoas têm mesmo de se sentir confortáveis com o corpo delas e é sempre uma experiência gira, eu falo por mim, já fiz e foi uma das experiências mais giras que tive, porque é um sentido de liberdade muito próprio, é giro desde entrar no mar, estar na areia, é giro, é diferente, eu pessoalmente gosto porque lá está, eu sinto-me confortável com o meu corpo e sinto que posso ter esse luxo, digamos assim de poder fazer nudismo sem ter qualquer tipo de constrangimento. (...)"

Do que tens mais medo?
"Não sei! (Silêncio) Sabes que daquilo que eu tenho mais medo é ver os outros sofrer por minha causa, acho que é das coisas que eu menos gosto e é das coisas que eu evito que aconteça, porque acho que as pessoas tem mais coisas com que se preocupar do que sofrer por mim e uma pessoa normal não gosta de ver a outra a sofrer. Embora que de vez em quando seja preciso, porque há pessoas que às vezes passam os limites ou não me agradam."

Do que sentes falta?
"Sinto falta do meu avô materno porque era uma pessoa fenomenal, das melhores pessoas que conheci, era um ferrenho Sportinguista, logo aí mostra a qualidade da pessoa, foi uma pessoa que partiu à pouco tempo mas já estava doente há algum tempo e para mim sempre foi um processo natural, a morte é uma coisa natural da vida, nunca dramatizei sobre o assunto mas é uma das pessoas que me faz mais falta, sinto falta de estar com ele, era uma pessoa que não demonstrava carinho ou não mostrava afetos, não era de dar abraços ou beijos, mas mostrava que gostava de ti à maneira dele. (Nostálgico) Eles, os meus avós, que infelizmente já faleceram, vendiam fruta e ele era o primeiro a mostrar-me alguma novidade, tinha todo o gosto em levar-nos ao sítio x, era esse tipo de pessoa." 


Como foi representar Portugal em Viena no Festival Eurovisão da Canção 2015?
"Representar Portugal foi e será sempre uma honra enorme, além disso adorei a experiência." 

Tendo medo de alturas, como foi escalar a montanha para o postcard do Festival?
"Foi vencer o medo, confesso que me custou muito, mas quando cheguei ao topo, adorei a vista."

O amor à primeira vista existe?
"Não, pode existir química, mas Amor é algo muito grande, que tem de ser construído e isso leva o seu tempo."


Já viveste em Moçambique, durante um ano! Como foi a experiência?
"Olha para ser sincera, na altura eu tinha catorze anos e não gostei, estava no oitavo ano e basicamente fui arrancada da minha vida e dos meus amigos, era uma adolescente muito revoltada, achava que os meus pais me odiavam para estar a fazer aquilo. Aqueles primeiros três meses, até ao Natal porque eu depois voltei para o passar cá, pareceu quase um ano, chorava todas as noites, não fiz amigos ... Por isso eu gostava de ter aproveitado melhor, entretanto acabei por fazer algumas amigas e amigos, alguns ficaram ainda o que é bom. A realidade é que eu não vou ter uma oportunidade de voltar lá tão cedo. Gostavas de voltar? Gostava e quero voltar quando acabar a universidade, quero fazer voluntariado em Moçambique, não sei muito bem quando ou durante quanto tempo, mas gostava de ficar um ano ou assim, pelo menos é o que eu digo agora, espero bem que aconteça, mas o problema é que depois da universidade, começa-se a procurar trabalho, isto é o plano, não sei é quando o vou fazer. É uma experiência que nos faz olhar para a vida e vermos como temos muita sorte, é gratificante, vemos que as preocupações que temos são superficiais, a comparar com o que aquelas pessoas passam. A partir daí acho que comecei a apreciar mais o que tinha e acho que me tornei mais humilde, pelo menos espero eu. Eu adorava voltar a África! O ritmo de vida é tão diferente, vemos pessoas que não têm nada mas são felizes, enquanto cá vemos pessoas com tanto mas estão sempre preocupadas."

O tempo pode mudar uma pessoa ou simplesmente com o passar do tempo vemos como ela é realmente?
"O tempo pode mudar uma pessoa, acho eu. Mas é um pouco dos dois, isso é uma boa pergunta! Eu acho que não é o tempo que muda a pessoa mas as experiências que a pessoa viveu durante esse tempo, eu acho que são capazes de mudar uma pessoa. Eu acho que as pessoas mudam, eu acho que mudei!"

Como é fazer o ensino superior no estrangeiro, nomeadamente em Inglaterra?
"Bem ... É um bocadinho assustador ao início, mas por outro ...  Não me perguntes o que quero fazer com a minha vida porque eu ainda não sei. (Riso) Mas estou a gostar, acho que estou a gostar mais, estou a estudar direito, de estar a tirar lá do que se tivesse tirado cá, pelo que ouço pelos meus amigos de cá. Por outro lado, não é tão difícil como eu estava à espera porque há muita gente na mesma situação que eu, a maior parte dos amigos que fiz estão na mesma situação, vieram de outros países da Europa e estão a viver o primeiro ano, ou melhor agora já vamos para o segundo, em Londres, o meu inglês também não é assim tão mau e claro que tenho de estar mais atenta a fazer as coisas. É um bocado irritante, já não me lembro de algumas palavras em português, depois em inglês acontece o mesmo, por isso é uma altura muito má para mim. (Risos) Mas eu estou a gostar."


Disseste que na tua família não se demonstram sentimentos, como é lidar com isso?
"Acho que é uma coisa que a pessoa se habitua, eu desde pequena que é assim ... (silêncio) ... desde sempre, por isso acho que é uma coisa normal, talvez para outras pessoas não seja mas acho que não há grande coisa a falar sobre isso. Como planeias ser quando tiveres uma família? Na minha família o meu pai é antiquado, da aldeia, e tem duas filhas e o pai a falar com as filhas há sempre aquele tabu, a minha mãe é uma pessoa muito fechada sobre os próprios sentimentos. Eu já sou mais aberta, apesar de ter muito do feitio dela, por isso acho que a relação com os meus possíveis filhos será mais aberta mas mesmo assim nada de mãe e filha serem amigas, como vejo muito por aí, não é esse o objetivo de ser mãe."

Do que sentes falta?
"De alguém ao meu lado, alguém sólido em que eu possa confiar e que caso eu tenha um pesadelo possa ligar às três da manhã, faz-me falta esse tipo de pessoa, porque tenho uma vida muito exigente e é sempre bom ter esse conforto."

Quem é o teu pilar nesta vida?
"Acho que não tenho nenhum! (silêncio) Podia dizer que era a minha família ou qualquer coisa desse género, mas não, a minha família sempre puxou muito por mim quanto individuo, quanto pessoa, eu tenho de sobreviver e conseguir fazer as coisas à minha maneira e como eu quero. Uma pessoa tem de viver por si e não apoiada em alguém. É-te complicado não teres um pilar? Faz sempre falta aquele carinho, alguém a amparar-nos a queda, alguém a ajudar mas faz parte da vida que nos escolhemos, por isso a pesar de fazer falta não é algo que me incapacite."


Devemos confiar na nossa intuição?
"Seguramente. Porquê? Porque a comunicação verbal é apenas uma parte, nós sentimos imensas coisas por outras vias. Eu penso que aquilo que chamamos intuição é uma leitura possível do que interpretamos numa forma global. Eu não estou a falar de intuição "Vai-me sair o totoloto!", estou a falar daquela intuição "Parece-me que esta situação está a decorrer desta maneira.", normalmente é acertado porque estamos a confiar em sinais não verbais, normalmente funciona, não é sempre, podemos estar muitíssimo enganados. (Risos)"

Pode haver alma sem Deus?
"(Silêncio Prolongado) Essa é uma boa pergunta! (Pensativa) Depende do que se entende por Deus, se a alma for já de si divina, não. Eu, não me custa nada atribuir e conceder, numa concessão minha, que em cada um de nós há um bocadinho de divindade e portanto nesse sentido não. Pronto, não pode! Acredita em Deus? Acredito!"

Alguma coisa ficou por dizer a alguém? 
"(Silêncio) Sim! Sim ficou! Arrepende-se de não ter dito? Arrependo-me de não ter dito, de não ter sido claro, embora que eu ache que implicitamente as coisas estavam lá. Há coisas que nós não sabemos dizer e com a vida vamos aprendendo a já não ter vergonha de as dizer ou achar que elas são idiotas. Temos muito medo do ridículo quando somos jovens, não faz sentido, perdemos imenso por vergonha! (...)"


É complicado gerires o tempo de modo a fazeres tudo aquilo que queres?
"Sim. Ainda hoje sinto dificuldades em gerir o meu tempo, embora ache que na verdade não falho muitas vezes quanto isso. Tento sempre dar o meu melhor nas minhas tarefas, mas quando há sobrecarga de afazeres, torna-se difícil."

A fotografia faz parte da tua vida! Quais os sentimentos que tens quando fotografas?
"Sinto que consigo alcançar o mundo através de um simples olhar. Para além de me expressar através de imagens, com elas consigo idealizar a minha realidade e transmitir os meus desejos, sonhos, objetivos e pensamentos."

Do que mais te arrependes na vida?
"Penso que ainda não vivi o suficiente para responder a essa questão. Cheguei agora ao patamar dos 20 e sinto-me um completo jovem. Mas talvez nestes anos o que menos gostei no meu percurso, foram as más influências. Deixar-me levar por pessoas que já não valiam o meu esforço."


Existe alguém em quem confies de olhos fechados? Quem? 
"Apesar de ser uma pessoa bastante desconfiada, sim. Confio totalmente nos meus pais que sempre estiveram, estão e sei que estarão ao meu lado a apoiarem-me em tudo. Também tenho amigos em quem confio plenamente. E, claro, confio em Deus."

Acreditas que cada pessoa tem a sua alma gémea? Porquê?
"Acredito, pois! Pode até ser uma pessoa que viva no outro lado do mundo, mas acredito. Acredito porque nós fomos criados para sermos livres e felizes e porque o “encontrar a alma gémea” é algo que nos está no sangue, é quase como uma condição humana."

Qual a coisa mais importante que aprendeste na vida? 
"Várias coisas, “a família é o nosso maior alicerce na vida”, pelo menos, a minha é, “os amigos verdadeiros são para a vida”, “o caminho faz-se caminhando-se”, “a confiança é algo que se ganha e não que se dá”, etc..."


Já me disseste que daqui a 10 anos esperas ter filhos! Quantos filhos gostarias de ter?
"Ser pai é uma coisa que eu queria muito ser, é quase um sonho para mim mas gostava de ter pelo menos dois filhos. Como é que te imaginas como pai, pai galinha ou mais liberal? Um pouco dos dois, eu vou gostar muito dos meus filhos e vou estar sempre a tentar proteje-los, se forem raparigas muito mais, mas vou tentar dar sempre o espaço deles e tentar ensinar."

Do que tens medo?
"(Silêncio prolongado) Tenho medo de não cumprir os meus objetivos de vida, ter a minha mulher, casar, ter filhos, um emprego, não viver em Portugal, tenho medo disso, de não se concretizar. A minha vida não faz sentido de outra forma!"

Viverias um amor proibido? 
"Sim, claro que sim, se fosse uma coisa que eu queria. E um amor à distância? Não, isso não! Não acredito em amores à distância!"

Doze convidados, treze entrevistas que marcaram a primeira temporada do Fragmentos de Vidas que termina neste especial. 
Obrigado a todos os convidados por terem aceite responder sem medos às minhas perguntas e obrigado a todos aqueles que leram durante estes meses.
Para o mês que vem começa uma nova temporada com um novo grupo de questões ... Não percam!

2 comentários:

  1. Ainda não tinha lido algumas, e agora já li! Adorei todas, Diogo :)

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    Respostas
    1. A segunda temporada começa dia 13 do próximo mês. =D

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